Há um ano esta imagem correu o mundo. Aylan Kurdi, o menino sírio de três anos que perdeu a vida na travessia do mediterrâneo.
Um ano depois nada mudou. 2016 poderá mesmo ser o ano com mais mortes no Mediterrâneo.
“Não basta que o mundo fique chocado com as imagens que tem visto nas últimas semanas. O choque deve dar lugar à acção.”
Anthony Lake, Director Executivo da UNICEF
Passou um ano desde que a imagem de um menino de três anos curdo-sírio afogado numa praia foi partilhada até à exaustão.
Apesar das palavras de pesar, de indignação, do choque e das promessas, milhares de pessoas e crianças continuam a morrer no mesmo mar.
Mediterrâneo mortal. Morreram mais de 10 mil pessoas desde 2014
Mais de 10 mil pessoas morreram desde 2014 ao tentar atravessar o Mediterrâneo para chegar ao continente europeu, anunciou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
No último ano o número de refugiados que fogem das zonas de conflito no Médio Oriente e em África não parou de aumentar. Muitos/as encontram a morte no Mediterrâneo.
Só este ano, pelo menos 3.171 pessoas morreram no mar Mediterrâneo ao tentar chegar à Europa.
Este é já o terceiro ano consecutivo em que o número de vítimas mortais ultrapassa as 3 mil. No entanto, nunca esse número tinha alcançado nos primeiros oito meses do ano.
Em entrevista à BBC, Abdullah Kurdi, que perdeu os dois filhos e a mulher no passado dia 2 de setembro de 2015 diz que o mundo “piorou”, depois de ter erguido os braços a clamar uma mudança urgente.
“Os políticos afirmaram: Nunca mais. Todos queriam fazer algo depois da foto que comoveu todo o mundo. Mas o que acontece agora? As mortes continuam e ninguém faz nada”.
Dados da Organização Internacional para as Migrações – OIT
De acordo com os dados da Organização Internacional para as Migrações (OIT) o número de mortos no Mediterrâneo nos últimos oito meses é o mais elevado de sempre.
Mais de 111 mil pessoas resgatadas no Mediterrâneo em 2016. Só esta semana, foram resgatadas de 7.027 pessoas.
Desde janeiro, 278.372 pessoas chegaram à Europa através do mar Mediterrâneo, a grande maioria entrou pela Itália e pela Grécia. 3.171 perderam a vida.
2016 poderá mesmo ser o ano com mais mortes no mar Mediterrâneo.
Aylan Kurdi: um ano depois, nada mudou. Milhares de pessoas e criança continuam a morrer no mesmo mar.
A crise agrava-se. A resposta tarda. Constroem-se muros.