Síria. Mulheres forçadas a trocar sexo por ajuda humanitária
A BBC denuncia abusos e exploração sexual de mulheres sírias por homens que distribuem ajuda em nome das Nações Unidas ou de outras organizações humanitárias internacionais.
As primeiras denúncias de abusos sexuais surgiram há três anos mas, apesar dos alertas e de algumas medidas tomadas em 2015, um novo relatório confirma que os casos continuam a surgir no sul do país.
Uma reportagem da BBC, publicada esta terça-feira, 27 de fevereiro, denuncia que as mulheres sírias têm sido exploradas sexualmente por homens que distribuem ajuda em nome das Nações Unidas ou de outras organizações humanitárias internacionais.
A denúncia a surge citada num relatório do Fundo de População da ONU (UNFPA), intitulado “Vozes da Síria 2018”, no qual refere que há várias províncias da Síria onde isto está a acontecer.
“Mulheres ou de raparigas que casam por pequenos períodos com responsáveis oficiais para ‘serviços sexuais’ de modo a receber refeições.”
Alguns meses depois, em junho de 2015, o International Rescue Committee (IRC) inquiriu 190 mulheres e raparigas de Dara’a e de Quneitra. Cerca de 40% das mulheres inquiridas afirmavam ter existido violência sexual quando procuravam ajuda, incluindo ajuda humanitária.
Face às situações de abusos e exploração sexual, algumas mulheres sírias recusam-se a ir aos centros de distribuição porque seriam obrigadas a oferecerem seus corpos em troca da ajuda humanitária.
Spencer afirma que as organizações humanitárias têm fechado os olhos aos casos de abuso e violência sexual contra as mulheres para garantir que a ajuda chegue a regiões do sul da Síria.“
A ONU e o sistema que existe atualmente continuam a deixar que os corpos das mulheres sejam sacrificados. Algures foi tomada a decisão de que é aceitável que os corpos das mulheres continuem a ser usados, abusados e violados para que a ajuda humanitária chegue a grandes grupos de pessoa”.
A guerra civil na Síria começou em e 2011 e já fez mais 400 mil mortos. Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, desde o dia 18 de fevereiro, morreram 568 pessoas, entre os quais 141 crianças e 85 mulheres.