Peritos da ONU falam de possíveis “crimes de guerra” no Iémen
Especialistas em direitos humanos da ONU acreditam que podem ter sido cometidos crimes de guerra nomeadamente violações, detenções arbitrárias, tortura, desaparecimentos forçados e recrutamento de crianças.
De acordo com os especialistas, as forças pró-governamentais e a coligação também podem ter cometido crimes de guerra por terem recorrido a “tratamento cruel e tortura, atos degradantes, violações e o recrutamento de crianças com idade inferior a 15 anos ou tê-las usado como parte ativa nas hostilidades”.
O relatório menciona que os ataques aéreos da coligação provocaram a maioria das mortes de civis como consequência direta dos bombardeamentos “contra áreas residenciais, mercados, funerais, casamentos, prisões, navios civis e até mesmo centros médicos”.
Os especialistas da ONU investigaram as violações e os abusos cometidos no Iémen desde setembro de 2014, quando os rebeldes Houthis tomaram Sanaa e as províncias no norte e oeste do país e expulsaram o Governo da capital.
Segundo o Gabinete das Nações Unidas para os Direitos Humanos, desde março de 2015, cerca de 6.660 civis morreram na guerra e 10.563 ficaram feridos, embora “o número real seja provavelmente significativamente maior”, salientam os especialistas da ONU.
O investigador Charles Garraway afirmou que existem “motivos razoáveis para acreditar que os governos do Iémen, dos Emirados Árabes Unidos e da Arábia Saudita são responsáveis por violações dos direitos humanos”.
A crise no Iémen
O conflito tem sido marcado por repetidos ataques aéreos em espaços públicos fazendo milhares de vítimas civis. Só semana passada, um ataque aéreo ocorrido na província de Hodeida, matou pelo menos 26 crianças e 4 mulheres.
Estima-se, que no total, mais de 22 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária, a maioria são mulheres e crianças.