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A final feminina de US Open, entre Serena Williams e Naomi Osaka, ficou marcada pelas acusações de discriminação e sexismo ao árbitro português Carlos Ramos.A tenista, de 36 anos, acusou o árbitro de sexismo, além de o chamar de “ladrão” e “mentiroso”, por este a ter penalizado por ter recebido conselhos do treinador durante a partida, o que não é permitido. Serena Williams alega que a penalização que sofreu deve-se apenas ao facto de ser mulher:
“Há muitos homens aqui mesmo que diriam muita coisa, mas só porque são homens isto não lhes acontece“.
As acusações de Serena Williams de discriminação e sexismo ao árbitro são um exemplo claro da instrumentalização do feminismo que não pode ser usado como desculpa para o comportamento e a derrota em campo.
A naturalização de que nos movemos sempre perante um paradigma “sexista e discriminatório” é uma armadilha na defesa dos valores da igualdade e dos direitos das mulheres.
Um dos efeitos perversos, conducente ao empobrecimento da luta pelos direitos das mulheres, reside precisamente na adoção de uma perspetiva unilateral e de dicotomias hierarquizadas homem/mulher ainda presente na nossa sociedade.
A expressão “direitos das mulheres” indica, antes de mais, um princípio e um direito universal: o da igualdade de direitos e de oportunidades entre homens e mulheres.
O raciocínio do paradigma igualitário, presente nos designados “novos movimentos feministas”, pode levar-nos a aceitar acriticamente que as mulheres são sempre vítimas, instrumentalizando a luta pelos direitos da mulher num contrapoder e em novas formas de dominação simbólica.
Todas as formas de opressão e de desigualdade são historicamente marcadas na construção de binómios e hierarquias que marcaram as relações sociais e de poder entre homens e mulheres.
Um dos ensinamentos do feminismo é precisamente recusar todas as formas de opressão, de desigualdade e de privilégios na reprodução de modelos normativos de dominação.
Temos por isso, a responsabilidade histórica, de não transformar a luta feminista numa luta pela dominação das mulheres em substituição pela dominação masculina.
O feminismo de privilégios ou de dominação das mulheres em nada difere do sistema patriarcal, um modelo de poder e de dominação, contra o qual o movimento feminista sempre lutou.
Serena Williams: o feminismo não é uma luta por privilégios ou de dominação. Feminismo é defender a igualdade de direitos e de oportunidades entre homens e mulheres.
por Susana Pereira
Fundadora da Associação ACEGIS
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