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Pobreza e Desigualdades
Estudo da OIT revela desigualdades salariais como um fenómeno persistente
Novo relatório da Organização Mundial de Trabalho (OIT) relativa à distribuição dos rendimentos do trabalho, revela que as desigualdades salariais continuam a ser um fenómeno persistente no mundo do trabalho.
Cerca de 650 milhões de trabalhadores/as ganham menos de 1% do rendimento global do trabalho.
Há mais desigualdades entre quem ganha e mais e quem ganha menos. As conclusões são do novo relatório da Organização Mundial do Trabalho (OIT), que aponta ainda para que 10% dos trabalhadores/as recebam quase metade do valor total dos salários.
A OIT alerta para que quanto maior a pobreza num país, maior é a desigualdade salarial e indica que 20% dos trabalhadores/as que recebem os salários mais baixos – cerca de 650 milhões de trabalhadores/as- ganham menos de 1% do rendimento globaldo trabalho, sendo que o salário médio mensal dos 10% mais ricos é de 7.475 dólares e dos 10% mais pobres não ultrapassa os 22 dólares.
"Os 10% mais pobres teriam de trabalhar três séculos para ganhar o mesmo que os 10% mais ricos num ano"
Roger GOMIS, Economista do Departamento de Estatística da OIT
No quadro geral, a desigualdade salarial decresceu desde 2014, mas a OIT alerta que esta evolução não representa uma mudança real. Não diz respeito a reduções na desigualdade entre países mas, sim, a um aumento da prosperidade em economias emergentes de grande dimensão, como é o caso da China ou Índia.
Segundo Steven Kapsos, chefe da Unidade de Produção e Análise de Dados da OIT, “os dados mostram que, em termos relativos, os aumentos nos ordenados de topo estão associados a perdas para as restantes pessoas, com a classe média e os trabalhadores com salários mais baixos a verem a sua fatia declinar“. E afirma que, “quando a parte dos rendimentos do trabalho dos trabalhadores de médios ou de baixos rendimentos aumenta, os ganhos tendem a ser generalizados, favorecendo todos, exceto os que ganham mais.”
Analisando a distribuição de remuneração média entre os países, constata-se que a parte recebida pela classe média (média de 60% dos trabalhadores) diminuiu entre 2004 e 2017, de 44,8% para 43%. Ao mesmo tempo, a parte dos 20% daqueles que mais ganharam aumentou, de 51,3% para 53,5%.
Os países em que as pessoas que recebem salários mais elevados viram uma parte do seu salário aumentar em pelo menos um ponto percentual foram a Alemanha, a Indonésia, a Itália, o Paquistão, o Reino Unido e os Estados Unidos.
Os países mais pobres tendem a ter níveis muito mais elevados de desigualdade salarial, o que exacerba as dificuldades das populações vulneráveis.
Roger Gomis, economista do Departamento de Estatística da OIT, refere que “em termos globais, a maior parte dos trabalhadores e trabalhadoras aufere salários surpreendentemente baixos e, para muitos que ter um emprego, não significa ter o suficiente para viver. A nível mundial, o salário médio dos trabalhadores da metade inferior da distribuição dos rendimentos é de apenas 198 dólares por mês e os 10% mais pobres teriam de trabalhar mais de três séculos para ganhar o mesmo que os 10% mais ricos ganham num ano”.
O Relatório Trabalho e Remuneração Salarial comparou os salários dos trabalhadores mundiais entre 2004 e 2017, através das estatísticas da OIT, com dados relativos a 189 países. O relatório propõe dois novos indicadores para avaliar as tendências remuneratórias ao nível nacional, regional e mundial: sendo que o primeiro refere-se ao peso do custo da mão-de-obra no PIB, e o segundo avalia a forma como estes rendimentos são distribuídos pelo mundo.
O lançamento da nova base de dados segue uma recomendação feita no relatório da Comissão Global da OIT sobre o Futuro do Trabalho. O estudo destacou a necessidade de novos indicadores para rastrear com mais precisão o progresso no bem-estar, sustentabilidade ambiental, igualdade e na agenda de desenvolvimento centrada no ser humano.
A nova análise também será usada para monitorar o progresso em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs, das Nações Unidas.
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