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O nosso mundo é rico e diverso, existem mais de 7000 línguas vivas. Estas línguas são instrumentos de comunicação, de acesso à aprendizagem ao longo da vida e de participação na sociedade e no mundo do trabalho. Estão também intimamente ligadas a identidades, culturas, visões do mundo e sistemas de conhecimento. Assim, é fundamental ter em consideração a diversidade linguística no desenvolvimento da educação e da alfabetização, pois trata-se de uma peça-chave na construção de sociedades inclusivas, respeitadoras da “diversidade” e da “diferença”, preservando simultaneamente a dignidade humana.
Hoje em dia, o plurilinguismo – i.e. o uso de mais do que uma língua na vida cotidiana – é cada vez mais comum devido à maior mobilidade das populações e à crescente ubiquidade da comunicação multimodal e instantânea. A sua configuração tem evoluído com a globalização e a digitalização. Enquanto o uso de certas línguas tem aumentado por via do diálogo entre países e comunidades, várias línguas minoritárias e indígenas estão em perigo. Estas tendências têm repercussões no desenvolvimento da alfabetização.
Enquanto diferentes aspetos das políticas e práticas interagem para promover a alfabetização, o desenvolvimento de sólidas competências linguísticas básicas numa língua materna, antes de se iniciar uma segunda língua ou uma língua estrangeira, apresenta múltiplas vantagens. Contudo, cerca de 40% da população mundial não tem acesso ao ensino numa língua que fala ou que compreende. Precisamos de mudar esta situação, tornando as políticas e práticas mais pertinentes do ponto de vista linguístico e cultural, enriquecendo os ambientes alfabetizados multilingues e tirando partido do potencial da tecnologia digital. Ao longo de mais de sete décadas, a UNESCO apoiou as abordagens de educação baseadas na língua materna e no plurilinguismo como um meio para melhorar a qualidade da educação e o entendimento intercultural. Como eferiu um dia Nelson Mandela, “Se falares a um homem numa linguagem que ele compreenda, a tua mensagem entra na sua cabeça. Se lhe falares na sua própria linguagem, a tua mensagem entra-lhe diretamente no coração”. A combinação da cabeça e do coração é a chave para uma aprendizagem eficaz.
Em 2019, celebramos o Ano Internacional das Línguas Indígenas e também o 25º aniversário da Conferência Mundial sobre as Necessidades Educativas Especiais, no âmbito da qual foi adotada a Declaração de Salamanca relativa à educação inclusiva. Fazendo eco a estes eventos especiais, e por ocasião do Dia Internacional da Alfabetização 2019, a UNESCO convida-o/a a repensar a alfabetização no mundo multilingue contemporâneo, como parte do direito à educação e como meio para criar sociedades mais inclusivas e diversas do ponto de vista linguístico e cultural.
O dia 8 de setembro foi proclamado como Dia Internacional da Alfabetização (ILD) na 14ª sessão da Conferência Geral da UNESCO em 26 de outubro de 1966. Desde 1967, as comemorações do Dia Internacional da Alfabetização (ILD) acontecem anualmente em todo o mundo para lembrar a importância da alfabetização como questão de dignidade e direitos humanos. Apesar dos progressos realizados, os desafios da alfabetização persistem, sendo por isso necessário o empenho de todos/as em direção a uma sociedade mais alfabetizada e sustentável.
Abraçar a diversidade linguística no desenvolvimento da educação e da alfabetização é fundamental para enfrentar esses desafios de alfabetização e alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Na ocasião do Dia Internacional da Alfabetização de 2019, serão discutidas as principais características do multilinguismo no mundo globalizado e digitalizado de hoje, juntamente com suas implicações para a alfabetização em políticas e práticas, a fim de alcançar uma maior inclusão em contextos multilíngues.
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