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OIT alerta: crise sem precedentes no mercado laboral devido à pandemia trará uma recuperação "lenta, desigual e incerta".

A mais recente análise da Organização Internacional do Trabalho ( OIT) sobre o impacto da COVID-19 no mercado de trabalho registra perdas massivas nas horas de trabalho e dos salários, e uma perspetiva de recuperação lenta, desigual e incerta em 2021, "a menos que os progressos iniciais sejam reforçados com políticas de recuperação centradas nas pessoas".

Pandemia levou à perda de 255 milhões de empregos em 2020, o que equivale a 4,4% do PIB Mundial

As novas estimativas anuais apresentadas na sétima edição do “Monitor OIT: COVID-19 e o mundo do trabalho”, confirmam o enorme impacto que os mercados de trabalho sofreram em 2020.

Os últimos indicadores  mostram que o número de horas de trabalho à escala mundial diminuiu 8,8% em relação ao quarto trimestre de 2019, o equivalente a 255 milhões de empregos a tempo inteiro, cerca de quatro vezes mais do que provocou a crise financeira mundial de 2009.

A diminuição “sem precedentes” das horas de trabalho afetou 114 milhões de pessoas. Sendo que as perdas massivas de horas de trabalho  provocaram também, uma diminuição de 8,3% nos salários provenientes do trabalho antes de se começarem a aplicar as medidas de apoio para garantir os ordenados, o que equivale a 3.700 milhões de dólares (3.959 milhões de euros), ou a 4,4% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.

 

Impacto por grupos e setores: mulheres e jovens

As mulheres foram mais afetadas que os homens pelas consequências da pandemia no mercado de trabalho. À escala mundial, a taxa de ocupação do trabalho das mulheres diminuiu cerca de 5%, enquanto na dos homens baixou 3,9.

Os/as trabalhadores/as mais jovens também foram particularmente afetados, seja pela perda de emprego. A taxa de ocupação dos jovens entre os 15 e 24 anos diminuiu 8,7%, face aos 3,7% no caso dos adultos. “Tal releva um risco muito elevado de uma geração perdida”, frisa o Observatório da OIT.

No relatório e também destacada uma repercussão “desigual” por setor económico, zona geográfica e mercado de trabalho, uma vez que são levantadas preocupações de que haverá uma “recuperação em forma de K”, em que os setores e trabalhadores mais afetados serão deixados para trás durante o processo de recuperação, levando ao aumento da desigualdade, a menos que seja tomada uma ação corretiva.

Para a OIT, o setor mais afetado foi o da Hotelaria e restauração, em que a taxa de ocupação diminuiu em mais de 20% em média, seguido pelos do comércio a retalho e as atividades de produção industrial.

Fururo lento, desigual e incerto

“Apesar do elevado grau de incerteza que ainda existe, as previsões mais recentes para 2021 mostram que, na maioria dos países, haverá uma recuperação relativamente forte no segundo semestre do ano, assim que os programas de vacinação começarem a fazer efeito”, sublinha-se no documento.

Para o diretor-geral da OIT, Guy Ryder, os resultados da recuperação no mercado laboral à escala mundial são “animadores, mas ainda frágeis”, devendo-se ter em conta que nenhum país ou grupo pode ultrapassar a crise pelos seus próprios meios.

“O mundo atual confronta-se com um dilema. Ou se opta por uma recuperação desigual e insustentável, com crescentes desigualdades e instabilidade, suscetíveis de agravar a crise, ou por uma recuperação centrada nas pessoas, para reconstruir melhor e promover o emprego, o rendimento e a proteção social, bem como os direitos dos trabalhadores e o diálogo social. Se queremos uma recuperação duradoura, sustentável e inclusiva, este é o caminho que os decisores políticos devem seguir”, defendeu Ryder.

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