Apenas 23 mulheres receberam o Prémio Nobel da física, química ou medicina desde Marie Curie, em 1903, em comparação com 624 homens. Hoje, apenas 33% das investigadoras científicas de todo o mundo são mulheres.
Estas enormes disparidades, e profunda desigualdade, não acontecem por acaso. Muitas meninas são impedidas de se desenvolver em função da discriminação, dos estereótipos de género e por normas e expectativas sociais que influenciam a educação que recebem, bem como os temas e áreas de estudo de interesse.
A ciência e a igualdade de género são dois fatores vitais para levar a cabo com sucesso a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Ao longo dos últimos anos, a comunidade global fez muitos esforços para inspirar e envolver as mulheres e raparigas na ciência, mas, infelizmente, muitas continuam a ser excluídas desta área.
Por isso, é necessário fortalecer as iniciativas e os programas destinados a incentivar as mulheres a prosseguirem carreiras científicas e académicas, através de programas de orientação e de redes de contacto e de apoio a cientistas do sexo feminino.
As mulheres e raparigas são partes fundamentais no desenvolvimento de soluções para melhorar a vida e para gerar um crescimento verde, inteligente e inclusivo que beneficie a humanidade como um todo. Ao limitar a presença das mulheres na ciência e nos domínios da investigação, estamos a rejeitar e a desvalorizar um potencial humano altamente qualificado. Se não quebrarmos estes estereótipos, o mundo continuará a desperdiçar talentos e todo um potencial humano.
Deixar as mulheres e raparigas de fora da educação e das carreiras nas ciência é uma perda para a humanidade.
Em 2015, a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou uma resolução declarando 11 de fevereiro como o Dia Internacional das Mulheres e Raparigas na Ciência, para obter acesso pleno e igualitário e participação na ciência para mulheres e meninas.
De acordo com os últimos dados da UNESCO (2021), apenas 33% das investigadoras cientificas são mulheres, apesar de representarem 45% e 55% dos estudantes nos níveis de bacharelato e mestrado, e 44% dos matriculados em programas de doutoramento.
De acordo com o Eurostat, mais de 19,1 milhões de pessoas estavam empregadas na União Europeia nas áreas da ciência e engenharia, mas apenas 7,8 milhões (41%) são mulheres. Em Portugal, o setor emprega mais de 428 mil pessoas, das quais 204 mil são do sexo feminino.
A sub-representação das mulheres e raparigas na educação em ciência, tecnologia, engenharia e matemática – CTEM (science, technology, engineering and mathematics – STEM) tem raízes profundas, sendo ainda inúmeros os obstáculos que mantêm as estudantes longe destas áreas.
Estereótipos de género profundamente enraizados são um dos principais obstáculos para a carreira das mulheres na área das ciências, na investigação e tecnologias. Tradicionalmente, as sociedades percecionam algumas profissões como sendo tipicamente masculinas e outras femininas, condicionando as escolhas, os percursos académicos e profissionais de rapazes e raparigas. Estes estereótipos conduzem a uma fraca representatividade das mulheres no domínio da ciência e da engenharia.
A falta de modelos e referências femininas transmitem a ideia de que os estudos e as carreiras em CTEM são domínios dos homens podem afetar negativamente o interesse e o envolvimento das raparigas, acabando por as desencorajar seguir uma carreira na área das ciências e tecnologias. Acresce que, as práticas pedagógicas – desde estratégias de ensino, livros e materiais didáticos – influenciam escolhas e carreias de futuro, na forma como transmitem mensagens explicitas e implícitas sobre os papeis de género.
Os livros e materiais didáticos, muitas vezes, não mostram profissionais do sexo feminino das áreas das CTEM, e com frequência usam uma linguagem e ilustrações que mostram os homens a exercer profissões e papéis associados às ciências tecnologias, acabando por interferir nas escolhas dos percursos académicos e profissionais por parte das raparigas.
Em Portugal, o Projeto Engenheiras por um dia, iniciativa da Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro, promove junto das estudantes de ensino não superior, a opção pelas engenharias e pelas tecnologias, desconstruindo a ideia de que estas são domínios masculinos.
É coordenado pela Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, Carta da Diversidade (APPDI), o Instituto Superior Técnico e Ordem dos Engenheiros.
Desde a sua criação, em 2017, o Projeto já chegou a 7975 jovens do 3º ciclo e do ensino secundário, em mais de 350 atividades práticas laboratoriais, sessões de role model e mentoria.
Telefone: (+351) 212 592 663
Intervimos ativamente para a construção e mudança de paradigma da Economia Social e Solidária.
Pela construção de uma sociedade mais justa, paritária e inclusiva.