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Pandemia adia a igualdade de género por mais um geração
Devido aos impactos da pandemia, de uma forma global, são adicionados mais 36 anos ao tempo até que as mulheres consigam alcançar a igualdade de género.
A pandemia da COVID-19 agravou consideravelmente a desigualdade de género. A conclusão é do relatório anual do Fórum Económico Mundial e estima que a igualdade entre os sexos só seja alcançada daqui a 135 anos, mais 35 anos do que no relatório do ano passado.
A Islândia continua a ser o país com maior igualdade de género no mundo, seguida pela Finlândia, Noruega, Nova Zelândia e Suécia. Os piores países no mundo são Iraque (154º), Iémen(155º) e Afeganistão (156º).
O relatório, agora no 15º ano, compara a evolução das lacunas de género em quatro áreas: participação económica e oportunidade; realização educacional; saúde e sobrevivência; e empoderamento político. Também examina as causas das lacunas de género e descreve as políticas e práticas necessárias para eliminar as disparidades de género.
A deterioração em 2021 é parcialmente atribuída a uma crescente disparidade política de género em vários países com grande população. Apesar de mais da metade dos 156 países indexados registarem uma melhoria, as mulheres ainda detêm apenas 26,1% dos assentos parlamentares e 22,6% dos cargos ministeriais em todo o mundo. Atendendo à trajetória atual, a lacuna política de género deve levar 145,5 anos para ser sanada, em comparação com 95 anos na edição de 2020 do relatório, registando um aumento de mais de 50%.
O hiato económico de género teve uma melhoria apenas marginal desde a edição de 2020 e deve levar mais 267,6 anos para ser fechado. Só em 2288 é que será atingida a igualdade económica entre os sexos. O lento progresso deve-se a tendências opostas – enquanto a proporção de mulheres entre os profissionais qualificados continua a aumentar, as disparidades de rendimento persistem e poucas mulheres estão representadas em cargos de gestão.
Embora essas descobertas sejam preocupantes, as lacunas de género na educação e na saúde estão quase fechadas. Na educação, embora 37 países tenham alcançado a paridade de género, levará mais 14,2 anos para fechar completamente essa lacuna devido à desaceleração do progresso. Na saúde, mais de 95% dessa lacuna de género foi eliminada, registando, no entanto, um declínio marginal desde o ano passado.
A Europa Ocidental continua a ser a região de melhor desempenho e melhorou ainda mais, com 77,6% da lacuna geral de género a ser encerrada. O progresso, se continuar a este ritmo, levará 52,1 anos a fechar a lacuna de género. Seis dos dez principais países do índice são desta região e a melhoria de 2021 é impulsionada pelo facto de que 17 dos 20 países da região melhoraram pelo menos marginalmente seu desempenho.
Portugal subiu 13 lugares, classificando-se agora em 22.º posição nos 156 países analisados, depois de ter ocupado o 35.º lugar na classificação anterior.
O relatório destaca Portugal como um dos países com progressos significativos, mostrando “progresso sustentado na percentagem de mulheres no Parlamento”, que é de 40% – um aumento em relação à edição anterior, quando essa percentagem era de 35,6% -, e em cargos governativos (42,1%, quando na edição anterior se ficava pelos 29,4%). O país é agora 26.º em matéria de emancipação das mulheres na política.
De acordo com o relatório, o fosso entre homens e mulheres agravou-se sobretudo nesta área. Apesar de indicar progressos em mais de metade dos 156 países analisados, incluindo em Portugal, a nível mundial as mulheres ocupam apenas 26,1% dos assentos parlamentares e 22,6% dos cargos governativos. A manter-se a trajetória atual, a paridade em cargos políticos só será atingida daqui a 145,5 anos, contra 95 anos na edição anterior, publicada no final de 2019.
Portugal também “melhorou a presença de mulheres em cargos de direção”, com 37,1% (mais 7,6% em relação ao estudo anterior). O país é 38.º na participação económica e oportunidade (era 46.º no relatório anterior), obtendo os piores resultados no acesso à educação, onde é 76.º (baixando três posições) e saúde (73.º – era 50.º no último estudo).
As repercussões da crise sanitária foram mais graves para as mulheres, as mais atingidas pelo desemprego, em parte por estarem mais representadas em setores ligados ao consumo, entre os mais afetados pelas medidas de confinamento.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a perda de emprego das mulheres atingiu os 5% em 2020, contra 3,9% no caso dos homens, recorda-se no estudo.
A pandemia também agravou “de forma desproporcionada” o número de horas que as mulheres dedicam ao trabalho doméstico, em acumulação com o emprego.
Representação feminina em empregos emergentes
Setores com representação historicamente baixa de mulheres também são aqueles com “empregos de amanhã” de rápido crescimento. Na área tecnológica e computação , por exemplo, as mulheres representam 14% da força de trabalho; na engenharia, 20%; em dados e inteligência artificial, 32%; e é mais difícil para as mulheres assumirem esses papéis emergentes do que os homens.
Publicado: 30 de março de 2021
Relatório Global de Género de 2021
A 15ª edição do relatório, o Global Gender Gap Report 2021, publicado um ano após a COVID-19, coloca em evidência que a pandemia e a crise económica relacionada com as medidas de emergência sanitárias e de saúde, não só afetaram mais as mulheres do que os homens, mas também reabriu parcialmente as lacunas que já tinham sido fechadas.
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