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A situação humanitária no Afeganistão é considerada uma das piores crises humanitárias do mundo. Mais de 24,4 milhões de pessoas precisam de assistência imediata para sobreviver.
mais da metade da população afegã precisa de assistência humanitária imediata para sobreviver
55% da população afegã – sofre de fome e 8,7 milhões de pessoas fazem menos de uma refeição por dia
quase toda a população afegã pode mergulhar na pobreza já este ano, devido a sucessivos choques e à crise econômica
Após anos de conflito e sofrimento prolongado no Afeganistão, o país enfrenta agora um declínio económico e a pior seca nos últimos 30 anos, criando níveis de necessidade sem precedentes.
Mais de 24,4 milhões de pessoas precisam de assistência humanitária imediata para sobreviver e há um risco tangível de que parte da população caia na fome.
A situação humanitária no Afeganistão é considerada uma das piores crises humanitárias do mundo, caracterizada pela insegurança política, grave escassez médica e de alimentos, deslocamentos, acesso restrito à educação para meninas e mulheres e a atual pandemia da COVID-19.
Embora o Afeganistão tenha há muito tempo necessidades humanitárias persistentes devido a anos de conflito e secas recorrentes, a situação atual é incomparável. O colapso económico que se desenrola desde agosto de 2021 impulsionou os níveis de necessidade e emergência humanitárias sem precedentes.
Hoje, mais de 24 milhões de pessoas precisam de assistência humanitária imediata para sobreviver. Cerca de 23 milhões de pessoas – 55% da população afegã – sofrem de fome e 8,7 milhões fazem menos de uma refeição por dia. Os níveis de segurança alimentar caíram para uma taxa nunca vista e num espaço de tempo tão curto, com metade da população a enfrentar fome aguda, incluindo 9 milhões de pessoas em insegurança alimentar – o número mais elevado em todo o mundo.
O Afeganistão tem agora o maior número de pessoas em situação de insegurança alimentar de emergência no mundo – um aumento assustador de 35% em relação ao mesmo período do ano passado. Estima-se que mais de um milhão de crianças com menos de 5 anos – uma em cada duas-, sofra de desnutrição aguda e estejam à beira da morte se não forem tomadas medidas imediatas.
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Afeganistão está a beira de cair na pobreza universal da população. Estima-se que 97% da população afegã pode cair abaixo da linha da pobreza, a menos que uma resposta às crises políticas e económicas do país seja lançada com urgência,
De acordo com o estudo da PNUD, o PIB do país pode contrair até 13,2%, levando a um aumento da taxa de pobreza em 25%, fazendo com que a taxa de pobreza, atualmente de 72%, aumente para 97% já em meados de 2022
Além de uma seca prolongada e dos efeitos da pandemia da COVID-19, o Afeganistão enfrenta agora a turbulência causada pela atual transição política: reservas estrangeiras congeladas, colapso das finanças públicas, aumento da pressão sobre o sistema bancário e aumento da pobreza.
A grave crise económica que o país enfrenta fez com que os preços disparassem, ao mesmo tempo que diminuiu o poder de compra. As pessoas estão cada vez mais desesperadas, com quase todos os mecanismos e recursos de sobrevivência esgotados. A situação das mulheres e meninas é particularmente terrível, uma vez que os seus direitos e oportunidades estão cada vez mais restritos.
Fugir da fome e da guerra: desde agosto de 2021, o colapso económico desencadeou o aumento do número de deslocados internos
Mais de 5,8 milhões de pessoas foram deslocadas internamente devido aos conflitos e desastres desde 2012. Em 2021, cerca de setecentas mil pessoas foram forçadas a deixar as suas casas e a deslocar-se para outras partes do Afeganistão. Fugindo do conflito, da pobreza e da seca, centenas de famílias chegaram à capital Cabul, a grande maioria não tem os meios de subsistência necessários para sobreviver.
Para ajudar a mitigar a situação, o secretário-geral da ONU, António Guterres lançou esta quinta-feira, 31 de março, um evento de compromisso de alto nível, para reunir respostas e apoios à situação humanitária no Afeganistão, lançou um apelo à comunidade internacional para prestar ajuda financeira à população afegã no valor de 4,4 mil milhões de dólares (3,97 mil milhões de euros).
Este é o maior apelo de ajuda financeira a um país, feito pelas Nações Unidas, face à terrível situação humanitária no Afeganistão que desde agosto de 2021 se tem deteriorado de forma alarmante. As necessidades financeiras humanitárias triplicaram desde então, levando ao ponto de haver casos de pessoas que ‘vendem partes do corpo’ e os próprios filhos/as para sobreviver.
“As pessoas já estão a vender os seus filhos e partes dos seus corpos para alimentar as suas famílias. A economia do Afeganistão efetivamente entrou em colapso”, disse António Guterres.
O chefe humanitário da ONU, Martin Griffiths, apelou à solidariedade da comunidade internacional e ao dever moral de ajudar a salvar vidas das pessoas que precisam de assistência humanitária urgente para sobreviver.
“Temos o poder de parar a espiral humanitária descendente no Afeganistão e é nosso dever moral usar esse poder prometendo financiamento generoso, flexível e incondicional hoje. É assim que os humanitários podem ampliar as operações agora e salvar vidas.”, afirmou Martin Griffiths.
A Comissão Europeia anunciou esta quinta-feira a disponibilização de 113 milhões de euros em ajuda humanitária da UE para o povo afegão. A verba incluí 18 milhões de euros a atribuir ao Irão e ao Paquistão, vizinhos do Afeganistão. O apoio humanitário da União Europeia concentra-se em cuidados médicos especializados, fornecimento de alimentos e nutrição, abrigo, bem como na proteção de civis e projetos de educação para o povo afegão e afegãos deslocados para países vizinhos.
“O Afeganistão continua a enfrentar uma das piores crises humanitárias do mundo. Após a estação fria do inverno, milhões de mulheres, homens e crianças estão a lutar contra a fome aguda. Desejo agradecer aos governos da Alemanha, Catar, Reino Unido, bem como à ONU, por unirem forças para organizar esta conferência oportuna. A UE é solidária e continuará a apoiar os refugiados afegãos vulneráveis e as comunidades de acolhimento no Irão e no Paquistão”, afirmou o Comissário responsável pela Gestão de Crises, Janez Lenarčič .
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Recursos e link de referência:
Infografia OCHA:Necessidades Humanitárias do Afeganistão e Mapa de Respostas 2022 (OCHA)
Estudo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD): Instabilidade económica e incerteza no Afeganistão após 15 de agosto
Press Release: Evento de Compromisso de Alto Nível sobre o apoio à resposta humanitária no Afeganistão, 30 de março de 2022.
Plano de Resposta Humanitária do Afeganistão 2022 (janeiro de 2022, OCHA)
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