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Uma em cada quatro pessoas – cerca de 2 mil milhões em todo o mundo – não tem acesso a água potável. O alerta é da ONU no dia Mundial da Água.
No dia Mundial da Água, as Nações Unidas alertam para as dificuldades e o “risco iminente” que milhões de pessoas enfrentam diariamente no acesso a água potável e saneamento básico.
Durante a Conferência da Água 2023 que começa esta quarta-feira, Dia Mundial da Água, as Nações Unidas vão tentar alcançar compromissos mundiais para responder à atual crise de saneamento e de água potável no mundo, fruto do consumo excessivo e das alterações climáticas.
Num planeta com 8 mil milhões de habitantes, uma em cada cada quatro pessoas – cerca de 2 mil milhões em todo o mundo– não tem acesso a água potável. Cerca de 46% dos habitantes do planeta não têm acesso a serviços de saneamento, o equivalente a 3,6 mil milhões de pessoas.
Os dados são do Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos 2023, publicado esta terça-feira, no âmbito da Conferência da Água de 2023 das Nações Unidas.
“O superconsumo e o superdesenvolvimento vampírico, a exploração insustentável dos recursos hídricos, a poluição e o aquecimento global descontrolado estão a esgotar, gota a gota, esta fonte de vida da humanidade“, alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres, no prefácio do relatório.
Nesse sentido, a ONU apela à necessidade da construção de parcerias e ao reforço da cooperação em todas as dimensões do desenvolvimento sustentável, de forma a acelerar o progresso em direção ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável para a água e o saneamento (ODS 6) e para a realização dos direitos humanos também relacionados à água e ao saneamento.
Em todo o mundo, o uso da água potável tem aumentou quase 1% ao ano, nos últimos 40 anos, e estima-se que cresça a uma taxa semelhante até 2050, impulsionado por uma combinação de crescimento populacional, desenvolvimento socioeconómico e mudanças nos padrões de consumo.
A maior parte desse aumento está concentrada em países subdesenvolvidos ou desenvolvimento, particularmente em economias emergentes.
Na velocidade atual, o progresso relativo a todas as metas do ODS 6 está fora do rumo e, em algumas áreas. De acordo com os últimos dados de 2020, 26% da população mundial, 2 mil milhões de pessoas, não tinha acesso a serviços de água potável (Meta 6.1), e estima-se que 46% (3,6 mil milhões) não tinha acesso a saneamento básico seguro (Meta 6.2).
Globalmente, a eficiência do uso da água (Meta 6.4) aumentou 9% de 2015 para 2018. O progresso foi maior no setor industrial (um aumento de 15%), seguido pelos serviços de abastecimento de água e saneamento e pelos setores agrícolas (mais 8%).
Richard Connor, editor-chefe do relatório afirmou que “Se nada for feito, entre 40 e 50% da população continuará sem acesso aos serviços de saneamento e cerca de 20 a 25% à água potável”, lembrando que mesmo que as percentagens não mudem, a população mundial está a crescer, bem como o número de pessoas afetadas por estes problemas.
Como tal, é necessário construir parcerias e cooperação é fundamental para realizar os direitos humanos à água e superar os desafios existentes, nomeadamente as questões da escassez da água. Richard Conner lembrou que a escassez económica de água é um grande problema, onde os governos falham em fornecer acesso seguro a água potável, como acontece em África, onde a água flui. Por sua vez, a escassez física é pior nas áreas desérticas, como acontece no norte da Índia e o Oriente Médio.
Nos países em desenvolvimento, muitos dos problemas com a água potável estão ligados a um rápido crescimento da população e à ausência ou deficiência de sistemas de saneamento, com importantes consequências para a saúde pública.
A água é ainda afetada pela poluição por produtos farmacêuticos, químicos, pesticidas, microplásticos ou nanomateriais. Para garantir o acesso à água potável para todos/as até 2030, os atuais níveis de investimento devem ser multiplicados por pelo menos três, estima a ONU.
Todos os anos, desde 1993, o Dia Mundial da Água, que se assinala a 22 de março, promove a conscientização e inspira tomada de decisão para enfrentar a crise da água e do saneamento. Trata-se de tomar medidas concretas e globais para enfrentar a crise global de água que afeta 2 mil milhões de pessoas que vivem sem acesso a água potável.
A Conferência da Água deste ano, as Nações Unidas vão tentar alcançar compromissos mundiais para uma transformação radical da forma como a água é gerida. E definir uma nova Agenda de Ação para a Água, no quadro dos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. De acordo com informação divulgada pela ONU, pelo menos 12 chefes de Estado e de Governo, cerca de 80 ministros e altos funcionários governamentais e mais de 6.500 representantes da sociedade civil deverão participar na conferência, que decorrerá até sexta-feira.
Segundo a ONU, são urgentes compromissos e ações em áreas que vão desde a proteção dos aquíferos, o combate à poluição, o abastecimento de água potável ou a integração das políticas hídricas com as políticas climáticas.
Ao contrário de outras conferências das Nações Unidas, na conferência da Água os países não irão negociar um grande acordo global, mas tentar alcançar compromissos voluntários concretos de Governos, empresas e outros atores.
Além de sessões plenárias, a conferência inclui diálogos sobre temas específicos como “Água e Saúde”, “Água e Desenvolvimento Sustentável” ou “Água e Mudanças Climáticas” e cerca de 550 eventos paralelos.
A Conferência da Água da ONU acontece no meio da Década de Ação da Água da ONU, um esforço global para evitar uma crise de água iminente que pode causar um déficit de 40% no abastecimento global do recurso até 2030.
A última Conferência das Nações Unidas sobre a Água foi realizada em 1977 em Mar del Plata, na Argentina.
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